O documentário Depressão: uma epidemia mundial? pode ser trabalhado com os alunos do Ensino Médio, atendendo às competências gerais e também às competências e habilidades específicas que envolvem a área de Ciências Humanas, previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Você pode usar o filme com o objetivo de alertar seus alunos sobre a depressão não só como um problema individual, mas também social; além de ajudá-los a identificar seus sinais.
É um documentário de 53 minutos, que oferece um olhar diferente sobre a doença, envolvendo diversos questionamentos, como: suas causas e aspectos sociais, dificuldades de definição e de diagnóstico correto e a influência da indústria farmacêutica.
O filme procura investigar o que pode estar por trás do aumento vertiginoso de casos da doença e o modo como lidamos com esse fenômeno.
Partindo dos pontos de vista de diversos profissionais, como filósofos, sociólogos, psiquiatras, assistentes sociais e economistas, a discussão gira em torno das causas sociais da depressão como uma epidemia mundial, desafiando a noção individual que temos da doença, propondo reflexões como:
O que em nossa sociedade estaria criando um terreno fértil para a depressão?
Afinal, os casos estão realmente aumentando ou o entendimento sobre nossas angústias está mudando?
A depressão está, muitas vezes, associada à tristeza e à falta de eficiência e produtividade. A sociedade atual não admite cansaço, tristeza, luto, tédio… Medica imediatamente. Será que não estamos medicando demais?
O filme lembra que depressão não é sinônimo de tristeza ou desânimo comum da vida cotidiana, não é um estado de espírito, nem de humor passageiro. É um transtorno clínico, sendo importante alertar para que seja corretamente identificada e tratada.
Sabemos que relações de trabalho e a busca pela alta produtividade, assim como dificuldades econômicas são alguns dos problemas que podem levar à depressão e ao suicídio.
Portanto, há um problema contido no pensamento de que devemos tratar a depressão como um problema de saúde pública para aumentar a produtividade das pessoas no trabalho, quando deveríamos pensar no porquê de o trabalho e a sociedade provocarem depressão.
O filme apresenta o DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico - um grande dicionário médico, com diretrizes para ajudar a diagnosticar a depressão e a manter os médicos em sintonia, aumentando a confiabilidade no diagnóstico. O manual está disponível em bibliotecas ou na internet e todos têm acesso para descobrir se estão com sinais de depressão.
Os manual traz oito sintomas clássicos, que são: perda de interesse; perda de energia; tristeza; pessimismo; problemas para dormir; problemas de apetite; falta de esperança no futuro e sensação de fracasso. Estes 8 sintomas somados à sensação de desamparo e inutilidade resultam em grande dificuldade de fazer qualquer coisa que antes era natural.
O desenrolar do filme mostra um grande problema do manual: uma versão em que os sintomas mais severos se misturaram aos sintomas mais leves, tornando muito abrangente o diagnóstico da doença. Todos os casos devem ser igualmente medicados? Qual o interesse da indústria farmacêutica nesse ponto?
O desafio é identificar, diagnosticar e tratar a depressão corretamente e levar em conta os problemas sociais que podem causá-la.
O filme termina questionando: Como podemos inventar uma nova realidade?
Neste contexto, os saberes de Ciências Humanas são estratégicos para o exercício do direito de interferir na sociedade para transformá-la em uma sociedade mais justa e mais humana. Além disso, a BNCC traz a necessidade de desenvolvimento das competências gerais relacionadas ao autoconhecimento, autocuidado e empatia, que podem colaborar para modificar o quadro que tem desencadeado a depressão.
A partir do filme, é possível discutir temáticas como:
- Importância de identificar e tratar a depressão.
- Dificuldade em definir e diagnosticar a depressão.
- Como a depressão pode ser um problema social?
- Como as sociedades começaram a produzir depressão em larga escala?
- Tratamento da depressão e prevenção de suicídio.
- A depressão está aumentando ou foi o nosso entendimento sobre ela que mudou?
- Relações de trabalho, condições econômicas e depressão.
Essa produção audiovisual pode ser assistida pela turma ou de forma individual. De qualquer modo, cabe a você, professor(a), proporcionar uma reflexão coletiva sobre o filme, além de outras atividades que abordam os assuntos discutidos, como debates, leituras complementares e pesquisas, com o intuito de desenvolver o senso crítico dos educandos, estimular a autonomia e incentivar a busca pelo autocuidado, autoconhecimento e empatia.
Por fim, confira a classificação pedagógica do filme a partir de competências gerais da Educação Básica e de habilidades por competências específicas, conforme as áreas definidas pela BNCC.
ENSINO MÉDIO
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS PARA O ENSINO MÉDIO
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS403) Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica, etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.